sexta-feira, 24 de junho de 2011

Rubem Alves

“Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim…” Sou esse intervalo, esse vazio – de um lado, o meu desejo (onde foi que o perdi?); do outro lado, o desejo dos outros que esperam coisas de mim. Não, não são os inimigos que me impõem o intervalo.  Os desejos que me pegam são os desejos das pessoas que amo – anzóis na carne. Como tenho raiva do Antoine de Saint-Exupéry – “tornamo-nos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos...” Mas isso não é terrível? Ser responsável por tanta gente? Cristo, por amar demais, terminou na cruz. Embora não saibamos, o amor também mata.
Então, abandonar o amor? Não. Mas é preciso escolher. Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo. Não poderei escutar todas as músicas que desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei abraçar todas as pessoas que desejo. É necessário aprender a arte de “abrir mão” - a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial.

Um comentário:

  1. A vida nos sorri com oportunidade, mas a felicidade só nos aparece se sorrirmos de volta para a vida... se abaixarmos a cabeça e vermos tão somente o que tá sob nossos pés, a altivez das boas escolhas não atingirão nosso coração e seremos consumidos por momentos vis de tristeza inoportuna... quero segurar a mão de meu amor e conduzí-la a felicidade, mas esta mão deve estar solta ao lado do corpo e não presa ao corrimão da insegurança gerado pelos tombos que a vida e os erros nos pregou...

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